Nuno Homem de Sá falava com a colega atriz Catarina Siqueira e decidiram lembrar a memória de Rogério Samora: “Ele era todo aquele estilo sempre de profissional, muito assertivo, muito sério. Fizemos dois irmãos, o irmão bom e o irmão mau, na [novela] Flor do Mar”.
“Ele era o irmão mau. Ele sabotou a história completamente, ele não queria ser o irmão mau, mas aceitou o papel, então esteve a novela a fazer de irmão bom. Tinha que me dar tiros, tinha que me espancar, tinha que andar à porrada comigo, roubar-me a mulher, mas não, sempre em bonzinho. Tivemos problemas em termos de dramaturgia, aquilo não batia a bota com a perdigota, mas foi muito engraçado”.
“O Rogério tinha uma cena em que o método dele era transportar a picardia entre os irmãos, aquele ódio que os desunia, para os bastidores. (…) E nós dávamo-nos lindamente. (…) As pessoas fugiam de nós, no avião, na carrinha, tensão constante. Ele dava-me um, eu dava-lhe três, ele dava-me quatro, eu dava-lhe cinco, até que acabámos os dois aos berros um com o outro já estava a malta toda a fugir da carrinha dos transportes entre a Calheta e o hotel. Uma desgraçada, mas foi muito giro”.
“Era um colega de cena excecional mas tinha um temperamento difícil porque era muito perfecionista”. Sobre os últimos meses de vida de Rogério Samora, que esteve em coma após uma paragem cardiorrespiratória: “Ainda bem que se resolveu a situação e que ele pôde seguir o seu caminho porque aquela situação era realmente insustentável, nem cá nem lá… foi muito tempo”.