Ucraniana violada pelos russos faz relato arrepiante: “Eles não se importaram que o meu filho estivesse a chorar”
Iryna Venediktova, procuradora-geral da Ucrânia, denunciou, na semana passada, o caso de uma mulher ucraniana que foi violada, repetidas vezes, à frente do filho, de quatro anos. Agora, a própria vítima conta os horrores que sofreu, num dos mais arrepiantes testemunhos de sobreviventes desta guerra terrível.
A mulher apresenta-se com o nome fictício de Natalya e vivia com o marido e o filho de quatro anos, numa aldeia nos arredores de Kiev. Sonhavam ter mais um filho e já tinham planos para uma casa, quando esta invasão, a 24 de fevereiro, mudou tudo.
A 9 de março, o marido de Natalya foi assassinado e atirado para o jardim da casa, enquanto a viúva foi violada repetidas vezes, durante várias horas.
Em declarações ao jornal ‘The Times’, Natalya, de 33 anos, conta os horrores vividos. “Estávamos a planear um filho e sonhávamos com a nossa primeira casa. Queríamos viver mais perto da natureza, por isso não morávamos na cidade. O meu marido colocou a sua alma e coração na construção da casa e tudo foi feito de pedra e madeira natural. Até costumávamos ir à floresta buscar o lixo que as outras pessoas deixavam”, começou por contar esta mãe, antes de relembrar a invasão dos russos na sua casa.
Tudo aconteceu nesse 9 de março. Inicialmente, Natalya e o marido acreditaram que eles não lhe iriam fazer mal. “Disseram-nos que não sabiam que havia pessoas aqui, que não queriam prejudicar. Todos os contos de fada comuns: ‘pensávamos que íamos treinar, não sabíamos que seríamos enviados para a guerra”, contaram-lhes os russos.
Um, o comandante, apresentou-se como Mikhail Romanov, o outro, Vitaly, disse que na sua cidade, ele e a mulher eram criadores de cães”, parecendo-lhes inofensivos.
No entanto, Romanov teria visto um casaco camuflado no carro do casal e tornou-se mais violento, destruindo-lhe o carro. Foi já de noite que eles regressaram e que mataram o marido de Natalya.
“Ouvi um único tiro, o barulho dos portões a abrirem-se e depois o barulho de passos dentro da casa. Gritei, perguntei onde estava o meu marido, então olhei para a rua e vi-o no chão perto do portão. Esse soldado mais novo apontou uma arma à minha cabeça e disse: ‘matei o teu marido porque ele é nazi’”, para desespero de Natalya, cujo pesadelo estava longe de terminado.
“Ele disse: é melhor calares a boca ou eu vou buscar o teu filho e mostrar-lhe o cérebro da mãe dele espalhado pela casa. Disse-me para tirar a roupa. Então os dois violaram-me um após o outro. Eles não se importaram que o meu filho estivesse a chorar na sala da caldeira. Disseram para ir calá-lo e voltar. Durante o tempo, seguravam uma arma na minha cabeça e provocavam-me, dizendo: ‘devemos matá-la ou mantê-la viva?’”, recordou Natalya, que foi buscar toda a coragem para conseguir escapar com o filho.
Os soldados foram embora, mas não teriam demorado mais de vinte minutos e voltaram a violá-la, mas estariam de tal forma embriagados que adormeceram.
“Entrei na sala da caldeira e disse ao meu filho que tínhamos que fugir muito rápido ou levaríamos um tiro”, contou Natalya, que teve que passar pelo cadáver do marido, ao que o menino perguntou: “Seremos baleados da mesma maneira que este homem?”.
Nataly conseguiu fugir, está a 500 quilómetros da sua vida antiga. O filho, de quatro anos, ainda não sabe que aquele homem estendido no chão era o seu pai e continua a acreditar que ele ainda está em casa.
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