“Ele podia estar cá”: O relato emocionado do pai do bebé morto por atraso no socorro médico em Portalegre
Pais de bebé que morreu em Portalegre estão desolados: ‘ele podia estar cá’
No dia seguinte à tragédia, o Correio da Manhã conseguiu falar com os pais do menino, de oito dias, que morreu, esta quinta-feira, no Hospital de Portalegre. O bebé pode ter sido vítima de uma grave falha de socorro médico, quando ainda não são conhecidas as causas da morte do recém-nascido.
Certo é que os pais viram o filho mal, acionaram a emergência, que mesmo sabendo que se tratava de um bebé, só puderam enviar o socorro dos bombeiros. Ainda teriam sido tentadas manobras para salvar a vida do menino. No entanto, ele não foi atendido imediatamente por um médico, o que poderá ter sido fatal. A Viatura Médica de Emergência e Reanimação (VMER) não tinha médico disponível.
Os pais sentem-se despedaçados e acreditam que uma ajuda médica poderia ter feito diferença. “Podia ter sido totalmente diferente, porque os bombeiros não têm mecanismos que um carro da VMER tem. Tanto para reanimação, como para entubar alguém. E sim, ele podia estar cá”, acredita o pai, num testemunho em lágrimas.
Já no Hospital, a pediatra disse aos pais que tentaram reanimar o menino e entubá-lo, mas que este não resistiu. Questionado se acredita que poderiam ter feito mais qualquer coisa pelo filho, o pai não duvida: “Sim”. E continuou a sua explicação: “Não acho justo e não acho normal uma situação destas [indisponibilidade da VMER, por falta de médico]”.
O pai explicou ainda como tudo aconteceu. Pediu ajuda quando viu o filho a ficar roxo e ainda à conversa com o CODU (Centro de Orientação de Doentes Urgentes), o menino começou a ficar amarelo, lembrou. Em pouco mais de 15 a 20 minutos, chegaram os bombeiros, para levar o menino para o Hospital. Ainda de acordo com o pai da criança, os bombeiros teriam demorado mais cinco a dez minutos para chegar ao Hospital de Portalegre.
Os pais estranharam a ausência da VMER e de um médico para socorrer o bebé no local e que tenham preferido levá-lo, assim, para o Hospital. Depois, perceberam através das notícias que a VMER não foi acionada por falta de médico. No Hospital, o socorro terá sido tarde demais.
Agora, aguardam por justiça. “Pretendemos justiça, que isto não se faz a um bebé. Nem a um bebé, nem a um adulto, nem a uma criança. A ninguém. Nós temos Saúde [SNS] em Portugal, é para sermos servidos por ela (…) Vamos falar com os nossos advogados e vamos tentar levar os responsáveis a Tribunal”, concluiu o pai do menino.